Sintomas depressivos em pacientes com insuficiência renal crônica

Os transtornos mentais podem ser influenciados por fatores clínicos como insuficiência renal crônica (IRC) , tais fatores são importante para surgimento de sintomas depressivos. Existem evidências que a depressão diminui a aderência ao tratamento da IRC ,influencie negativamente na qualidade de vida como fator de risco para mortalidade cardiovascular , aumentando as taxas de suicídio sendo consequentemente um preditor independente de menor sobrevida.

Com base nestes dados o artigo tem por objetivo avaliar a prevalência de sintomas depressivos em pacientes com insuficiência renal crônica em enfermaria de clínica médica do HCRN em processo dialítico visando auxiliar no bem estar e adesão ao tratamento.

Foi realizado um estudo transversal através da aplicação de entrevistas padronizadas a um total de 13 pacientes com insuficiência renal crônica em diálise internados em enfermaria de clínica médica do HCDRN no ano de 2016.As entrevistas foram compostas por coletas de dados como sexo, comorbidades , tempo de diálise e aplicação da escalas de depressão de Hamilton (HAM-D) que através das pontuações classificavam o entrevistado em 4 graus de sintomas depressivos, sendo eles:

(1) Sem sintomas;

(2) Leve;

(3) Moderado;

(4) Grave.

Após análise das entrevistas e atribuição da pontuação de acordo com as respostas dadas, foram encontrados escores aumentados na escala de Hamilton. Todos os pacientes pontuaram de acordo com a escala com sintomas depressivos sendo que 15% dos entrevistados apresentaram sintomas depressivos leves, 46% sintomas depressivos moderados e 38% sintomas graves conforme demonstrado numericamente e percentualmente . Notou-se predominância no sexo feminino , associadas mais comumente com anemia e hipertensão arterial sistêmica presentes em 76,9 % dos entrevistados .Em relação a hemodiálise , 100 % dos pacientes faziam o procedimento há menos de cinco anos, demostrando alta mortalidade associada a patologia.

A comparação dos dados obtidos com os de artigos semelhantes de outras especialidades já publicados, reafirma o percentual elevado de sintomas depressivos no grupo de pacientes com insuficiência renal crônica com transtornos mentais, o que evidencia quão importante e emergencial é a atuação biopsicossocial sobre essa população para que sejam evitados desfechos desfavoráveis. Faz -se necessário que sintomatologia depressiva na IRC integre a avaliação clínica , através de interconsultas entre clinicas médica e psiquiatria , assim como propostas terapêuticas, com intervenções voltadas para a inserção social como psicoterapia e terapia ocupacional visando conforto ,aderência ao tratamento dialítico refletindo no prognóstico da doença .

Dra. Carla Mendes constante – Médica Psiquiatra

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